AÇÚCAR o inimigo oculto da pele

Se você cuida bem da pele, mas nota que, mesmo assim, ela perde viço e elasticidade e ganha novas rugas, pode ser que sua alimentação contenha açúcar demais. Isso mesmo: além do sol e do cigarro, ele é um dos maiores obstáculos á manutenção de um rosto jovem.

O fenômeno responsável pelo envelhecimento cutâneo precoce chama-se glicação e foi identificado por um pesquisador francês, em 1912, quando estudava a razão de os alimentos adquirirem uma cor marrom quando se deterioram. Louis Maillard descobriu que essa coloração se devia a uma reação entre o açúcar e as proteínas, que por isso sofriam alterações. Só muito tempo depois, observou-se que o açúcar impactava da mesma forma o organismo, como explica a dermatologista Vivian Amaral: “A degradação das proteínas afeta as fibras de colágeno e elastina, responsáveis pela firmeza e elasticidade cutâneas. A pele adquire rugas, surgem sulcos,” diz.

Segundo a dermatologista, a glicose adquirida por meio dos alimentos é o principal combustível para as células humanas. No organismo, ela pode se apresentar sob duas formas: circular, mais estável, e linear, altamente reativa. Quanto mais rica em açúcar e amido for a dieta, mais glicose ficará disponível no sangue.

“Em condições fisiológicas normais, a glicose predominante é a circular. Entretanto, quando a dieta é rica em açúcares, as sobras de glicose apresentam-se como moléculas lineares, que aderem às proteínas, lesando-as. No fim desse processo estão os AGEs (Advanced Glycation End Products), substâncias tóxicas que se acumulam ao longo do tempo, estimulam a produção de radicais livres e comprometem proteínas do organismo de um modo geral e reduz suas defesas imunológicas,” observa a especialista.

De acordo com a farmacêutica bioquímica Joyce Rodrigues, a reticulação do colágeno altera suas propriedades elásticas e impede sua renovação, contribuindo igualmente para a diminuição da elasticidade da pele.  “Há dois tipos de reticulação: a química é irreversível. Os cosméticos podem atuar sobre a reticulação física, que faz com que as estruturas de colágeno e elastina se tornem mais rígidas, perdendo sua flexibilidade e levando ao aparecimento de rugas,” explica.

A especialista diz que também ocorre uma inativação de certas enzimas, o que traz consequências metabólicas importantes. “Os AGEs alteram consideravelmente o metabolismo da pele. Eles são reconhecidos por receptores específicos, ou RAGES, expressos pelas células cutâneas. Uma vez ativados, esses receptores enviam sinais que alteram a atividade metabólica da célula, favorecendo o processo inflamatório e a morte celular programada, denominada apoptose,” alerta.

O QUE PODE SER FEITO

A Dra. Vivian Amaral lembra, no entanto, que esse processo acontece principalmente em pessoas que se submetem a “dietas açucaradas”, ricas em alimentos de alto índice glicêmico, como açúcares e farinhas refinadas, que se convertem rapidamente em glicose, causando picos glicêmicos que podem precipitar o fenômeno da glicação.

“Os ‘exageros dietéticos’ eventuais, apesar de indesejáveis, são contornáveis. O problema maior é a hiperglicemia regular, associada a hábitos dietéticos inadequados, como consumir frituras e fast-food”, diz a Dra. Vivian Amaral.

A farmacêutica Paula Cavalcanti explica que a maioria dos produtos antiglicantes de uso tópico destina-se a bloquear o início do processo de glicação, ou seja, a ligação do açúcar em excesso com algumas proteínas da pele, especialmente as fibras de colágeno. O ativo com maior comprovação científica, e por isso o mais utilizado, é a carcinina (ou carnosina)

“O antiglicante pode estar associado a fotoprotetores e hidratantes ou integrar formulações anti-idade. O seu uso deve ser diário, preferencialmente associado a um antioxidante. Essa combinação é bastante eficiente na prevenção do envelhecimento cutâneo,” orienta.

É essencial acompanhar os cuidados de rotina com uma dieta balanceada, rica em nutrientes e pobres em alimentos com alto nível glicêmico como batatas, pão branco, massas e o próprio açúcar.

A nutricionista Marcela Farias recomenda incluir á mesa antioxidantes, que protegem dos radicais livres, como os carotenoides (abóbora, manga, cenoura, mamão-papaia, batata-doce e vegetais verde-escuro), a vitamina E (óleos vegetais, amêndoas, nozes e avelã e cereais integrais) e a vitamina C (Kiwi, caju, acerola, laranja) e alimentos anti-inflamatórios (sardinha, salmão, atum, linhaça, semente de chia). Até mesmo os temperos podem ser grandes aliados: açafrão, cravo, noz-moscada, pimenta-vermelha, hortelã, salsa, orégano, alecrim e alho têm ação anti-inflamatória e antioxidante.

Alimentos ricos em vitamina C, E, ácido fólico, silício, selênio e zinco contribuem para a produção do colágeno, que também pode ser encontrado em proteínas como a da carne, do frango e do peixe, dos ovos e do leite.

Frutas roxas e vermelhas também podem contribuir: romã, açaí, amora, mirtilo (blueberry), framboesa, cereja, uva e gojiberry são antioxidantes, fontes de vitaminas C e E, antocianinas, resveratrol (açaí e uva) e ácido eláico (romã).

Mais uma vez se comprova que beleza e saúde estão muito relacionadas a um estilo de vida saudável!

FONTE: Les Nouvelles Esthétiques – Ano XXIV – nº 135 – Outubro 2013 – pg. 44-46.

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